Governo distribuiu 90% do estoque da cloroquina feita pelo Exército
Documento do Ministério da Defesa ao qual o R7 teve acesso mostra que sobraram no estoque do Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército 320.590 comprimidos de cloroquina, menos de 10% de tudo o que foi produzido desde o início da pandemia de covid-19.
Segundo a pasta, foram fabricados desde o início da pandemia 3.229.910 comprimidos de cloroquina 150 mg, ao custo de R$ 1.165.387,51.
Em 2017, último ano em que o laboratório militar fabricou o composto antes de 2020, gastou-se R$ 43.334,44, com 265 mil comprimidos.
A cloroquina, remédio inicialmente utilizado contra a malária e lúpus, foi testada no primeiro semestre de 2020 em pacientes com covid. Desde então, os primeiros indícios a favor do medicamento foram sufocados por estudos científicos de todo o mundo que mostraram sua ineficácia contra a doença causada pelo novo coronavírus.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, continuou defendendo a cloroquina como um dos medicamentos que poderiam ser utilizados no tratamento precoce da covid-19, prática considerada inútil pelos cientistas.
Entre seus argumentos a favor das drogas, o presidente diz que os cientistas futuramente podem mudar de ideia e afirma que elas têm baixo custo e não representam risco à saúde.
‘Pelo menos não matei ninguém’, diz Bolsonaro sobre cloroquina
Diversos institutos internacionais e nacionais, além da OMS (Organização Mundial de Saúde), afirmam que não há remédio comprovadamente eficaz para curar a doença e a única saída para amenizar os estragos da pandemia é a vacinação em todos os países.
Bolsonaro: ‘Não é mais barato investir na cura do que na vacina?’
Bolsonaro pediu ajuda à Índia para o envio de insumos para a fabricação do medicamento em abril de 2020. Tomou o remédio em julho, quando foi infectado, e passou a ser o maior garoto propaganda mundial do medicamento desde então.
De acordo com o Ministério da Defesa, o Estado que recebeu mais pílulas de cloroquina foi o Rio Grande do Sul, com 504.500 comprimidos, seguido por São Paulo (316.000) e Amazonas (222.500).
Por enviar ao Amazonas comprimidos de cloroquina e não respiradores pouco antes do colapso do sistema de saúde estadual no início do ano que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se viu obrigado a prestar esclarecimentos à Polícia Federal, em fevereiro, em um inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Os 26 Estados e o Distrito Federal ficaram com 2.496.010 de pílulas e 413.310 foram enviadas a Organizações Militares de Saúde das Forças Armadas.
R7.com